A educação infantil no Brasil em números

É preciso entender, tendo por base as informações trazidas por meio do Censo Escolar, como está estruturada a rede de ensino para o segmento da educação infantil no país


criança sorridente sob livros

Pense no ambiente em que gostaria de matricular seu filho(a) no início de sua formação, quando a criança tem entre 2 e 5 anos. O que seria melhor? Uma creche ou uma pré-escola? Você sabe quais as diferenças entre os dois modelos? E como deveria ser a instituição em que você viesse a matricular a criança? Que instalações e possibilidades deveria oferecer? Quais os profissionais necessários para se realizar um bom trabalho? O que e como deveria seria ser ensinado ou trabalhado com as crianças nesta faixa etária? Todas estas são perguntas importantes e necessárias a serem feitas pelos pais ou responsáveis legais ao buscarem uma instituição destinada ao ensino infantil.

Num primeiro momento é preciso entender, tendo por base as informações trazidas por meio do Censo Escolar, como está estruturada a rede de ensino para o segmento da educação infantil no país.

Pelos dados apresentados por este levantamento é possível saber, por exemplo, que entre a pesquisa realizada previamente, em 2013, e os números auferidos em 2017, tivemos uma queda na quantidade de estabelecimentos que oferecem estes serviços no país, de 117.723 para 116.472, com decréscimo de 1% verificado. Estes dados referem-se tanto a quantidade de creches quanto de escolas de educação infantil.

Quando a análise está mais focada num dos dois modelos oferecidos, os números revelam que:

  • Tivemos uma variação de -20,1% na quantidade de unidades de ensino infantil, caindo de 60.856 escolas para 48.570.
  • Em relação as creches, por outro lado, como alternativa para suprir esta queda, houve um aumento verificado de 27,1% na quantidade de estabelecimentos, subindo de 9.256 para 11.272 creches.

Mas qual a diferença entre as creches e as escolas de ensino infantil?

A educação infantil é garantida por lei no país, direito este assegurado tanto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) quanto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Define-se, no entanto, que dos 0 aos 3 anos a criança seja atendida em creches ou estabelecimentos afins, no caso, escolas infantis com berçários. A partir dos 3 anos, a lei define que as crianças devem ser regularmente matriculadas em escolas de ensino infantil.

As creches e os berçários criados e trabalhados em escolas de ensino infantil têm como foco os cuidados específicos destinados as crianças na primeira infância, oferecendo tanto as ações básicas relacionadas a alimentação, higiene e cuidados com a saúde quanto com a interação e as brincadeiras, já tendo o intuito educativo, ou seja, trazendo práticas que auxiliem os bebês e as crianças ao desenvolvimento saudável, do ponto de vista emocional, social e cultural.

A partir dos 3 anos, quando as crianças entram na pré-escola ou educação infantil, as preocupações com a interação social e a ludicidade, por meio das quais o mundo vai sendo aos poucos apresentado para as crianças, continua a vigorar. A diferença é que os processos didáticos passam a ter propósitos mais claros, vinculados a planejamentos, metodologias e propostas pedagógicas que os pais devem conhecer antes de matricular seus filhos. É nesta fase do ensino que, por exemplo, as crianças começam a ter contato com os livros, por meio de contação de histórias, desenvolvem sua coordenação motora, trabalham na interação entre o mundo físico (ao qual é dada maior ênfase) e o universo abstrato e virtual, entre tantos saberes que são trazidos neste segmento.

Tanto nas creches quanto nas escolas de ensino infantil é preciso que as instituições contem com profissionais especializados para dar o melhor atendimento possível as crianças. Neste sentido, é preciso que a equipe de atendimento seja composta por pedagogas, enfermeiras, nutricionistas, auxiliares de sala...

Disponibilizar ambientes apropriados para que as crianças brinquem, aprendam, socializem, sejam alimentadas, possam dormir, tenham os devidos cuidados com a higiene pessoal ou ainda, atendimento em caso de necessidade de saúde também são requisitos essenciais para esta faixa etária. Muitas creches e pré-escolas, no entanto, ficam devendo no quesito instalações, recursos disponíveis e equipe. Sempre que os pais ou responsáveis buscarem estes serviços é importante verificar o espaço da escola, o cardápio da instituição (é saudável e nutritivo? Variado e adequado a esta faixa etária?), conversar com os funcionários, checar o que é oferecido para o ensino, a interação e a ludicidade, ou seja, para que as crianças brinquem, sempre destacando o quanto as brincadeiras e jogos são essenciais nesta faixa etária. Outras instalações de apoio, como por exemplo, sala de leitura e/ou vídeo, espaços abertos que oportunizem contato com a natureza e brincadeiras externas, sala de brinquedos (com recursos lúdicos, educativos e apropriados a faixa etária) são importantes também. Quesito igualmente importante a ser observado refere-se a segurança da escola, atentando para detalhes como entrada e saída, seguranças e porteiros, autorizações e entregas das crianças. Conversar com pais que já tem os filhos matriculados na instituição, frequentando e usufruindo dos préstimos é uma importante forma de obter boas informações sobre a escola ou creche. Buscar dados na internet pode igualmente auxiliar as famílias. Tenha cuidado, no entanto, com a fonte de informações na web para que dados errados não sejam sua base informativa.

A pesquisa realizada pelo Censo Escolar informa que, infelizmente, creches e escolas de ensino infantil não têm dado a devida atenção a seus espaços e equipamentos. Não chega, por exemplo, a 30% o total de instituições deste segmento que oferecem área verde (entre as pré-escolas o índice foi de 27,3% enquanto nas creches atingiu 29,6%) e bibliotecas ou salas de leitura (29,7%). A demanda por estes serviços, no entanto, ainda que de 2013 para 2017, as instituições que atendem as crianças em idade pré-escolar tenham diminuído em termos de quantidade, conforme atestado pela pesquisa do Censo Escolar, tem aumentado consideravelmente. Entre o levantamento de 2013 e o de 2017, a variação foi de 11,8% em termos de aumento da busca por tais serviços. Passamos de um público de 7,6 milhões de crianças atendidas em creches e escolas de ensino infantil para mais de 8,5 milhões. O crescimento mais exponencial foi percebido em relação as creches, com crescimento de 24,4%. As escolas de ensino infantil, apesar de terem diminuído em termos de quantidade de estabelecimentos privados e públicos que oferecem tais préstimos no país, também registraram crescimento, de 4,7% na demanda por suas vagas.

Há que se observar, também, que no Brasil há o predomínio das instituições públicas no atendimento as crianças em creches e escolas de educação infantil. São aproximadamente 7 em cada 10 instituições públicas no segmento enquanto o setor privado oferece o restante das vagas.

Independentemente da opção ser pelo setor público ou privado, o importante é que os responsáveis pelas crianças verifiquem as condições gerais e estabeleçam uma relação de confiança com os gestores e professores, que se sintam seguros no que tange aos serviços oferecidos pela creche, berçário e escola de ensino infantil, atentos sempre ao fato de que, nesta fase formativa a criança precisa de muita atenção, carinho, cuidados e de uma educação que ofereça meios da criança se desenvolver tanto no que se refere a aspectos como a motricidade, aos primeiros e essenciais conteúdos, quanto em sua sociabilidade e na parte emocional.

É preciso ser, portanto, muito seletivo, cuidadoso e atento ao que se oferece para as crianças na faixa pré-escolar, tanto no que tange aos cuidados e serviços das creches e berçários quanto no que se ensina e trabalha nas escolas de ensino infantil.


João Luís de Almeida Machado

João Luís de Almeida Machado

Consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

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