YouTube EduCon
90% dos estudantes brasileiros usam vídeos no YouTube para estudar
Dados apresentados no evento YouTube EduCon, realizado pelo Google, no YouTube Space, no Rio de Janeiro, no último final de semana de setembro do presente ano, reunindo YouTubers da educação, destacam o crescimento exponencial da utilização de vídeos por estudantes brasileiros, com aproximadamente 9 entre 10 usuários contando com estes recursos para aprofundar seus conhecimentos.
Geração imagética? Nativos digitais? Nerds? Enfim, o que explica a busca crescente por materiais em vídeo na internet?
Há um pouco de tudo isso e muito mais nestes dados. A ampliação das redes, a melhoria das tecnologias de distribuição via streaming, a aceleração da velocidade de acesso aos dados e outros aspectos técnicos certamente contribuem muito para este crescimento. Imaginem como seria para vermos um filme se ainda contássemos com os serviços na área do início do século... Seria impossível assistir tantos vídeos.
Outro aspecto importante para tal busca é a melhoria da qualidade dos vídeos oferecidos pelos YouTubers da educação brasileira. Não importa a linguagem, a forma como é realizada a comunicação, o tamanho ou relevância do canal, a minutagem dos vídeos, se efeitos especiais são ou não usados nestas videoaulas... Os vídeos melhoraram de qualidade, tanto no que tange a técnica quanto aos aspectos acadêmicos e éticos e isso estimula sua busca crescente.
Os YouTubers da educação são criativos, críticos, autênticos e descolados. Entenderam a diferença entre a aula na escola (presencial) e as videoaulas que oferecem para seus seguidores. Há canais com alguns milhares de seguidores, que acabaram de chegar e estão encontrando seu lugar ao sol e, também, os grandes campeões de audiência, com centenas de milhares de estudantes que os assistem diariamente.
Além disso há a curadoria, realizada na parceria entre o Google e a Fundação Lemann, constituindo o projeto YouTube Edu, envolvendo uma equipe de professores especialistas do Poliedro, sistema de ensino de São José dos Campos, interior de São Paulo, que realiza a análise do conteúdo específico de todas as disciplinas para dar o aval acadêmico que valida os canais e, também, de olho nas questões éticas, buscando evitar, com isso, ações e atitudes que demonstrem preconceito, discriminação e desrespeito aos direitos humanos.
Além deste dado revelador, no início deste encontro foi informado aos participantes que, para o Google, a educação se tornou uma das 5 prioridades a serem trabalhadas mundialmente pela empresa. O Brasil, percebido em todo o planeta como um dos países onde mais se utiliza a internet e as redes sociais, foi apresentado como um dos maiores usuários de vídeos educativos, contabilizando, segundo os dados do YouTube, na soma dos usuários de todos os canais do YouTube Edu, cerca de 45 milhões de usuários ativos.
Isso significa, na prática, que a ação dos YouTubers da educação no país, contabilizada em conjunto, representa o maior canal do YouTube no mundo todo e que, tendo em vista a função social da ação realizada por todos, tendo por finalidade auxiliar alunos, professores e comunidade em geral por meio das videoaulas, precisa não apenas ser destacada, mas também ampliada e incentivada.
Além do crescente fluxo de público interessado em conteúdo educacional em vídeos no Brasil, somente em 2018 foram publicados mais de 20 mil vídeos educacionais pelos canais que fazem parte do YouTube Edu no país, ou seja, a produção continua em ritmo acelerado e novos canais surgem com força no cenário nacional. Há espaço para todos e para muitos novos empreendedores na área!
A realização do YouTube EduCon no Brasil é prova da força do projeto YouTube Edu e da ação dos YouTubers educacionais brasileiros pois, o evento, a princípio, destina-se a cobrir as ações em um continente e não apenas em um país, como no caso. O tamanho e impacto da rede de educadores brasileiros que atuam na internet fez com que o Google e a Fundação Lemann organizassem o evento focado no Brasil e que, com isso, promovessem cursos, workshops e o encontro entre estes realizadores para o necessário intercâmbio de ideias. Estavam presentes os representantes de canais criados por professores e, também, ligados a escolas, sistemas de ensino e startups que atuam no segmento das videoaulas.
Há, ainda, desafios evidentes a serem superados, em especial a adaptação as novas normativas da educação, com foco no surgimento da BNCC, que foi tema de algumas das apresentações realizadas no encontro e, também, apesar dos evidentes esforços dos educadores presentes, a superação de modelos tradicionais que prevalecem nas salas de aula para as videoaulas.
Entender as novas linguagens e o público que consome estas produções é parte do esforço realizado por todos para melhor atender a demanda no segmento e não perder espaço e fôlego.
Há novos canais surgindo e o público busca esta comunicação para suprir dúvidas, atendendo as demandas não plenamente satisfeitas na escola regular, presencial, mas os YouTubers da educação entendem que não bastam avanços técnicos, apoio institucional (do Google e da Fundação Lemann) ou mesmo ganhos financeiros que resistam ao esgotamento das aulas tradicionais juntamente aos nativos digitais. É importante destacar, também, que a comunicação com esta nova geração por meio de vídeos por mais estabelecida que esteja, deve contar com uma comunicação ágil, inteligente e capaz de instigar e provocar os usuários em sua busca de subsídios educacionais.
Não adianta mais seguir dando aulas desinteressantes, monótonas e baseadas em conteúdo apenas. É preciso dinamismo, conexão com a realidade, desafios sendo apresentados, linguagem clara, objetividade e conteúdo de qualidade, auferido e chancelado por especialistas, para que os canais decolem e se tornem referenciais. E isso vale não apenas para os educadores que estão tomando de assalto a internet, com seus vídeos no YouTube, mas também para as escolas e o ensino presencial...
João Luís de Almeida Machado
Consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.
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