20 anos do Google
O que mudou? O que virá?
No mês de setembro a mais onipresente entre todas as empresas do mundo atual completa 20 anos de existência. Para muita gente, tanto aqueles que nasceram antes do surgimento da empresa criada por Sergei Brin e Larry Page, em 1998, quanto para quem estreou no mundo depois deste dia, é muito difícil pensar no mundo sem o Google. E pensar que tudo, a princípio, era apenas um projeto de doutorado criado pelos dois jovens, então estudantes em Stanford, na Califórnia, com propósito meramente acadêmico...
20 anos depois, o Google deve ser a próxima empresa a ultrapassar a barreira do 1 trilhão de dólares e ingressar num seletíssimo grupo que, até o momento, conta apenas com a Apple e a Amazon, que juntamente ao próprio empreendimento de Page e Brin, compõem com a Microsoft e o Facebook, o quinteto de empresas de tecnologia que mudou por completo a vida das pessoas desde o surgimento da internet comercial.
Se pararmos para pensar no mundo antes do Google, na transição entre a vida que era apenas presencial para a adesão progressiva ao universo virtual, o que então contabilizava apenas cerca de 3 a 4 anos, contávamos com a internet discada, com buscadores como o AltaVista e Yahoo, os serviços eram ainda bem incipientes e precários, a quantidade de usuários comparada com os mais de 3 bilhões de pessoas conectadas atualmente era ínfima e ainda não havia uma compreensão clara de como a conexão a web poderia gerar ganhos financeiros para serviços como aquele que o Google passava a disponibilizar.
A história deste empreendimento bilionário, no entanto, estava apenas em seu início, que, diga-se de passagem, foi marcado por prejuízos na contabilidade durante seus 5 ou 6 anos iniciais. Isso até o momento em que o Google não apenas revolucionou a forma como se buscava informação na internet, criando algoritmos inteligentes que permitiam uma melhor e mais acurada seleção de informações, deixando para trás os demais serviços prestados na área e, com isso, tornando-se a principal referência para a publicidade mundial na web, mas passava também a investir em outros produtos, serviços e segmentos.
Atualmente Page e Brin investem em diversas iniciativas a partir do Google e fora da empresa, com empreendimentos em biotecnologia e veículos inteligentes que não precisam de condutor, como em filmes de ficção que até bem pouco tempo atrás a maioria das pessoas acreditava ser apenas fruto da imaginação de escritores e roteiristas de cinema.
O Google, por sua vez, nesse meio tempo, adquiriu inúmeras empresas e startups, algumas igualmente fortes presenças no cotidiano das pessoas, como o Android, o YouTube e o Waze, por exemplo, e desenvolveu produtos e serviços variados que tomaram a dianteira no mercado mundial, como o navegador Google Chrome ou o serviço de e-mails Gmail, que se tornaram mais usados e populares que concorrentes de peso, como o Explorer e o Outlook, da gigante Microsoft, de Bill Gates.
Nem todas as iniciativas do Google foram bem-sucedidas e vitoriosas, como é o caso de sua rede social, o Google Plus, pensada a princípio para ser um forte concorrente do Facebook, de Mark Zuckenberg, mas que não conseguiu se consolidar e que, por vezes, é cotada para deixar de existir, apesar de ter milhões de usuários cadastrados.
O Google, no entanto, não para de investir em novas tecnologias e, atualmente, tem como um de seus principais focos a Inteligência Artificial, conforme demonstrado em recentes eventos organizados e realizados pela empresa. Tal foco se relaciona diretamente a ideia de que a cada dia, mais e mais serviços e atividades humanas serão realizadas com apoio das tecnologias e que, para isso, é preciso dotá-la de meios e recursos que as tornem, aos poucos, capaz de realizar ações sem que, necessariamente, seja preciso ação ou orientação humana. A percepção do Google é a de que, num futuro muito próximo, muitos dos serviços básicos realizados por seres humanos serão resolvidos pela tecnologia, contando apenas com a supervisão e gestão geral realizada por pessoas.
Atualmente o Google desenvolve projetos por meio da Alphabet, criada em 2010, para gerir as ações da empresa além daquelas que já existem, permitindo a criação de novos núcleos de prospecção, produção e desenvolvimento.
Entre estas ações estão, por exemplo, iniciativas como pílulas magnéticas que procuram sinais de câncer e outras doenças no organismo humano, lentes de contato inteligentes que informam sobre o estado de saúde do paciente, drones para irradiar internet em locais de difícil acesso, redes de acesso à internet de altíssima velocidade (até 1 gigabit por segundo), drones para a entrega de produtos (devem entrar em uso em 2019), baterias para celular com maior durabilidade, armazenamento de DNA, robôs para fins militares e civis, realidade virtual, controle de objetos com mente e por aí afora.
Ao mesmo tempo em que pesquisa e trabalha com todas estas possibilidades, o Google, cujo nome deriva da expressão GooGol - que representa o número 1 seguido de cem zeros - enfrenta algumas dificuldades, relativas ao fato de que sua onipresença pode facilitar o acesso a dados e informações das pessoas e o repasse das mesmas para outras empresas e, mesmo para governos.
Há, também, denúncias de que o Google discrimina as mulheres em seu ambiente de trabalho, pagando salários menores para algumas delas em relação a colegas do sexo masculino, ainda que o trabalho e as funções realizadas sejam as mesmas. São denúncias que estão levando a empresa a enfrentar processos nos Estados Unidos e na Europa. O horizonte de crescimento da empresa, no entanto, está nos mercados emergentes, como o Brasil, no qual o potencial de uso ainda é baixo comparado com aquele dos países desenvolvidos.
A despeito disso, Não há como negar que o mundo mudou muito a partir da entrada em cena do Google, que aniversaria em setembro, com entrada no mercado, conforme dissemos no início deste artigo no dia 04 do referido mês, mas que para a empresa e seus milhares de funcionários espalhados por todo o mundo (há unidades da empresa espalhadas, literalmente, pelos 4 cantos do mundo, com sedes inclusive no Brasil, em São Paulo e Belo Horizonte) ocorre apenas no dia 27 de setembro, data em que seu motor de busca superou o recorde de conteúdos indexados.
Se o Google não tivesse surgido a partir da iniciativa de dois jovens doutorandos de Stanford, que em 1995 pesquisavam os modelos matemáticos e a estrutura dos links da internet, o progresso na área certamente aconteceria, mas como procederia é difícil até mesmo cogitar, no entanto, a expressão "to google" (em inglês), ou googlar, em português, não teriam surgido e se tornado sinônimo de busca na internet...
João Luís de Almeida Machado
Consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.
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