De férias e pensando na volta às aulas?

Como se preparar para encarar a volta às aulas


Mulher Sentada Na Cadeira Enquanto Se Apoia No Laptop

Todo começo de ano letivo é a mesma coisa. Ainda nas férias, os educadores em geral já são obrigados a pensar nas estratégias e atividades diferenciadas para realizar junto a seus novos alunos.

Desde a faculdade, recebemos orientações para a elaboração de planejamentos sinergéticos, multidisciplinares e inovadores. Entretanto, devido à rotina, alguns professores, sem perceber, ativam seu piloto automático e repetem as mesmas estratégias didáticas. Só que os tempos mudam e as estratégias têm que se adaptar a essas mudanças. Muitos economistas, por exemplo, fracassam quando enfrentam novas crises com estratégias que deram certo no passado, mas que não conseguem dar conta dos novos desafios. O mesmo ocorre com os educadores: saem da faculdade turbinados de conteúdos e cheios de ideias e utilizam as fórmulas aprendidas com êxito por algum tempo. Mas logo eles se dão conta da necessidade de capacitações para resgatar a atenção dos alunos e tornar a aprendizagem mais lúdica e dinâmica.

A inserção das habilidades socioemocionais – como empatia, cooperação e liderança – assim como a competência comunicativa, devido às múltiplas linguagens do mundo atual, visam promover uma formação mais completa dos alunos, muito além das disciplinas presentes no cenário educacional. Pensando nisso, que tal neste início de ano renovas as estratégias didáticas buscando uma nova perspectiva? Permita-se pensar fora da caixa, acertar e errar experimentando fórmulas novas. Em seguida, elencamos oito conteúdos importantes para repensar no planejamento para este novo ano.

1) Regras de Convivência: Estabeleça algumas regras visando criar um ambiente mais harmonioso, possibilitando aos alunos opinar sobre tais regras para que eles sintam-se envolvidos e responsáveis pela organização. Reforce a importância de serem sempre educados, praticando gestos de gentileza para que eles possam se inspirar nos seus atos. Segundo a UNESCO, as regras compartilhadas geram maior identidade comum e vice-versa.

2) Dinâmicas e Diversão: Imagine uma sala cheia de pessoas, com costumes diferentes e recém-chegados ao ambiente de sala de aula. De modo geral, essa situação de desconforto é comum para muitos alunos. Assim, para quebrar o gelo e criar interação, utilize práticas lúdicas e promova dinâmicas de conhecimento mútuo. Esse tipo de atividade é importante para fomentar nos alunos engajamento e interação, ajudando a desenvolver laços afetivos e sociais.

3) Atividades Diagnósticas: Saber o que os alunos já conhecem é essencial para organizar os objetivos conceituais, procedimentais e atitudinais que estruturam um planejamento de sucesso. A avaliação diagnóstica busca saber o que o aluno conhece e quais são suas experiências pessoais, possibilitando ao educador observar as estratégias utilizadas por ele no momento em que soluciona um problema. Ana Teberosky defende que diagnosticar o que os alunos sabem permite aos Educadores organizar intervenções adequadas à diversidade de saberes da turma, de modo que as atividades não sejam tão fáceis que provoquem desinteresse no aprendizado, nem tão difíceis que impossibilitem a compreensão do conteúdo pelos alunos.

4) Atividades Lúdicas: A ludicidade é essencial até mesmo para os alunos maiores. O educador não precisa ensinar a brincar, pois este é um ato que acontece espontaneamente; entretanto é importante planejar e organizar situações para que as brincadeiras ocorram de diversas maneiras, sem perder o objetivo da atividade. Para a Referencial Curricular Nacional (RCN) o lúdico é importante para que a criança possa elaborar de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. Aproveite este recurso para explorar o universo dos alunos e entenda as gírias momentâneas, músicas da atualidade, a fim de se aproximar dos alunos e conquistar a atenção deles.

5) Inspire Confiança: O professor deve antes de tudo inspirar confiança. Piaget afirma que há aspectos da confiança que a relacionam à dignidade, às virtudes e à moral. Outro importante elemento a se repensar é a valorização das habilidades e competências dos alunos, estimulando a autoconfiança, de forma que eles possam experimentar sentimentos relacionados à experimentação de acertos e erros, bem como à responsabilidade de estarem conectados e cuidarem uns dos outros. Um grupo unido e integrado possibilita uma rica experiência de aprendizagem.

6) Incentive a Leitura: Emília Ferreiro ressalta que, ao entrar na escola, toda criança – algumas mais outras menos – já teve algum contato com a leitura e a escrita, seja ouvindo narrações de leitura, seja lendo figuras. Isso ocorre porque a criança está inserida em uma sociedade cercada de escrita e, mesmo informalmente, ela observa marcas gráficas que chamam a sua atenção. A leitura é um hábito poderoso e possibilita ampliar a cultura, explorar conceitos e ideias, além de estimular a criatividade, o senso crítico e a expansão do vocabulário. Desafie os alunos a lerem coisas novas para se apropriarem cada vez mais da interpretação de conteúdo.

7) Empatia e Diversidade: A empatia é o sentimento que liga as pessoas umas às outras. É a prática de conectar-se ao outro sob uma perspectiva afetiva. Crie situações de empatia para que o aluno perceba a importância do respeito à diversidade; utilize vídeos, dinâmicas e os infinitos recursos tecnológicos para instigar nos alunos a percepção de que ao seu redor existe um mundo com uma imensa diversidade cultural.

8) Atenção e Carinho: Algumas crianças podem apresentar baixo desenvolvimento intelectual devido à falta de afeto familiar. Instigue a turma a evidenciar gestos de carinho e atenção uns com os outros, fomentando a descoberta de que no ambiente escolar todos são iguais e que todos são importantes. Estimule abraços afetuosos, troca de cartinhas que retratem amizade e companheirismo, além de gestos de gentileza como abrir a porta para outro ou ajudar no entendimento de alguma disciplina e situações do cotidiano. Realize alguns exercícios de respiração no início de cada aula, buscando o equilíbrio e calma.

Cabe ressaltar que os itens destacados neste artigo fomentam as habilidades do Século 21. Coisas novas só acontecem quando estamos dispostos a deixar velhos hábitos. Um bom ano letivo!


Suelen dos Santos Braga

Suelen dos Santos Braga

Pedagoga e Consultora Educacional da Planneta Educação, empresa do grupo Vitae Brasil, com experiência em trabalhos relacionados à Educação e Tecnologia Educacional.

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