Afetividade, interação e aprendizagem: reflexões sobre a importância do ambiente escolar

Repensar sobre o ambiente escolar e suas proposições é fundamental para que os espaços sejam devidamente planejados em prol do desenvolvimento de cada criança.


Afetividade, interação e aprendizagem: reflexões sobre a importância do ambiente escolar

Feche os olhos, imagine como é a sua sala de aula e todo o espaço da sua unidade escolar. O que você destacaria nesse espaço? Como ele é? Ao falar sobre o ambiente escolar estamos, mesmo que implicitamente, falando sobre uma concepção pedagógica, isso porque a organização do espaço é algo intencional, logo ele não é neutro, pois revela em cada detalhe, uma concepção de educação e também de infância.

Importa destacar que o conceito de ambiente que estamos evidenciando neste artigo não se atém somente ao espaço físico, os móveis e paredes que estão presentes neste espaço. Este ambiente envolve também as interações que os sujeitos estabelecem e como eles se organizam.

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Cuidado e a atenção com o ambiente escolar

Partindo desses pressupostos, pode-se dizer que o ambiente escolar se torna decisivo para estabelecer as relações interpessoais, uma simples disposição de mesas e cadeiras podem favorecer ou não determinadas relações e revelam como professores e alunos são compreendidos nesse processo de ensino-aprendizagem.

A guisa de exemplo, pensemos na disposição de cadeiras em roda, estas facilitam que todos os envolvidos no espaço físico em questão se vejam, o que não é possível, se estiverem dispostos em cadeiras enfileiradas um atrás do outro.

Tornar um ambiente propicio às interações envolve uma série de fatores que perpassa sobretudo pela sensibilidade e o cuidado que temos ao planejar esse ambiente. Para tanto é de suma importância o questionamento: Quem são as pessoas que ocupam esse espaço? Qual a concepção de infância estamos falando?

Neste sentido, precisamos educar o olhar da observação e perceber se este ambiente está condizente com o Projeto Político Pedagógico de cada unidade e se ele atende as necessidades dos grupos que neles estão.

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Uma sala de aula de turma de maternal, por exemplo, não atende as mesmas necessidades de uma turma do 2º do Ensino Fundamental. Por isso, organizar um ambiente propício a determinada faixa etária é uma ação que revela o cuidado e a atenção que os gestores e educadores tem com a unidade.

Murais e as produções das crianças também são bons exemplos da intencionalidade pedagógica expressa na unidade. Essas paredes revelam o protagonismo infantil ou as habilidades manuais dos adultos? Elas estão posicionadas na altura dos olhos das crianças? O que contém os murais? Estas reflexões são de suma importância.

Neste sentido, educadores e gestores são os mediadores, os pares experientes que promovem as interações, organizam o espaço e estão atentos as especificidades de cada grupamento. Esta mediação, embora pareça simples, envolve uma complexidade de questões que passam pelo viés de perceber o ambiente e toda a sua importância.

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A importância da escuta ativa e da afetividade no ambiente escolar

Pensar o ambiente escolar com atenção e cuidado requer exercitar a nossa escuta ativa para ouvir os sujeitos que pertencem a esse local. As crianças e os educadores são ouvidos? Eles propõem melhorias a estes espaços? Essa escuta parece algo fácil, mas não é.

Escutar pressupõe predisposição e perceber que o outro é um sujeito com saberes e conhecimentos. O que fazemos por vezes, na correria do dia a dia, é banalizar essa escuta. Ouço, mas não escuto. Tal posicionamento nos conduz a questões da afetividade.

Talvez você, caro leitor, possa estar se perguntando o porquê a afetividade está sendo posta em pauta nestas breves linhas sobre ambiente escolar. Destaco que quando pensamos em afetividade geralmente associamos a manifestações de carinho como abraçar as crianças, ou fazer um cafuné. Porém, a afetividade vai muito além disso.

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É construir, no cotidiano, uma relação emocional com os alunos que envolve disponibilidade, escuta e um envolvimento de corpo inteiro, e conforme destacamos em outros momentos, o ambiente escolar se torna decisivo para estabelecer ou não as relações interpessoais.

Cuidar deste ambiente certamente é um ato de observação, escuta e consequentemente, de afeto.

Desse modo, é mister repensar sobre o ambiente escolar e suas proposições, é fundamental que os espaços sejam devidamente planejados e pensados em prol do desenvolvimento de cada criança.

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Josele Teixeira

Josele Teixeira

Pedagoga, especialista em alfabetização, integrante da Gerência de Educação Infantil da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Ministra cursos e palestras em Ongs e Programas de Formação Continuada para educadores. Autora dos livros: "Avaliação Escolar da Teoria à Prática", "Avaliação inclusiva: a diversidade reconhecida e valorizada" e “Alfabetização escolar: compartilhando teorias e práticas”, publicados pela Wak Editora.

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