Educação de jovens e adultos - EJA: Entenda o perfil predominante dos alunos
Muitos estudantes brasileiros encontraram na EJA uma oportunidade de inclusão e ascensão social. Contudo, você conhece o perfil coletivo desses estudantes?
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que alcança todos os níveis da educação básica nacional. Entre seus principais proveitos sociais destacaremos a democratização do acesso ao ensino na rede pública.
Com isso jovens, adultos ou idosos que não finalizaram seus estudos de maneira convencional e na idade apropriada, podem concluir sua formação básica em tempo hábil.
Consequentemente, os perfis dos estudantes da EJA são eminentemente diversificados quanto as idades e as condições sociais de moradia ou financeiras.
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EJA: PORTA DE OPORTUNIDADES
Enquanto alguns desses estudantes já trabalham em diferentes ramos e conjunturas, muitos outros continuam desempregados e vislumbram na EJA uma oportunidade de qualificação e crescimento profissional. Contudo, será que realmente conhecemos esses perfis?
• Qual a faixa etária predominante nessa categoria de ensino?
• Quais são as principais aspirações dos estudantes da EJA?
• Como podemos usar algumas particularidades desses alunos para o aprimoramento de nossas estratégias educacionais?
Para isso analisaremos alguns dos dados mais recentes divulgados no Resumo Técnico do Censo da Educação Básica 2020.
EJA: NÍVEL FUNDAMENTAL
“Na educação de jovens e adultos (EJA) de nível fundamental, 66,8% das matrículas estão na rede municipal, seguida pela rede estadual e pela rede privada, que apresentam 28,8% e 4,4%, respectivamente.” (BRASIL, 2021)
Baseando-se nesses dados evidenciamos que no Brasil o ensino fundamental ainda apresenta um modo compartilhado de distribuição de matrículas.
Em relação a esse detalhe, sabemos que o artigo nº 11 das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) possibilita este recurso colaborativo entre o estado e as prefeituras.
EJA: NÍVEL MÉDIO
Na EJA de nível médio, “a rede estadual é responsável por 88,9% das matrículas, seguida da rede privada e da rede municipal com 8,0% e 2,0%, respectivamente.” (BRASIL, 2021).
Naturalmente isso ocorre porque o Artigo nº10 da LDB assevera que é de responsabilidade de cada unidade federativa garantir “[...] o ensino médio a todos que o demandarem [...]” (BRASIL, 1996)
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EJA: LOCALIZAÇÃO DA ESCOLA
Considerando a EJA de nível fundamental, outra minúcia interessante que merece nosso destaque é o crescimento do número de matrículas concentradas na zona rural.
Além do mais, com 18,3% do total de inscrições, o contexto rurícola concentra o maior número de matrículas da EJA nessa etapa de ensino.
Portanto agora, através da educação, finalmente podemos começar a admirar o prelúdio de uma reparação social histórica.
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EJA: FAIXA ETÁRIA E SEXO
“EJA é composta, predominantemente, por alunos com menos de 30 anos, que representam 61,3% das matrículas.” (BRASIL, 2021) Além disso nessa mesma faixa de idade, os alunos do sexo masculino são maioria, representando 56,8%.
Porém, constata-se que as matrículas de estudantes acima de 30 anos são maioritariamente compostas pelo sexo feminino, representando 59,0%.
Com isso, é possível ressaltarmos que inegavelmente o estudante da EJA no Brasil já entra ou retorna a sala de aula cabalmente enfastiado. Afinal de contas, em razão da idade esse estudante já carrega sobre os ombros demasiadas experiências sociais, algumas positivas, outras negativas.
EJA: COR/RAÇA
Na EJA do ensino fundamental e médio, percebe-se que estudantes identificados como pretos/pardos são predominantes. “Pretos e pardos representam 74,9% do EJA fundamental e 68,1% do EJA médio em relação à matrícula dos alunos com informação de cor/raça declarada.” (BRASIL, 2021)
Esses dados comprovam nitidamente a desigualdade racial brasileira. Outra referência que podemos utilizar para comprovar essa ominosa realidade é o estudo intitulado:
Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil.
EJA: PERFIL PREDOMINANTE
Assim como afirma o Censo Escolar 2020, é evidente que o cenário ideal seria aquele que todos os alunos “pudessem concluir o ensino fundamental aos 14/15 anos e o ensino médio aos 17/18”.
Contudo, como isso ainda não é possível, testemunhamos em 2019, que mais de um milhão de estudantes realizaram o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
À vista disso, sendo a primeira, a segunda ou a última oportunidade, independentemente da posição que a colocamos, a EJA para muitos estudantes brasileiros é comprovadamente a única possibilidade.
Concluindo, qual o perfil predominante? No final das contas o retrato prevalecente é formado por variados perfis desfavorecidos.
Saiba mais: Diretrizes curriculares nacionais para EJA e a BNCC.
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Davi Marreiro
Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa/Literatura (Licenciatura). Pós-graduado: Docência do Ensino Superior, e História e Ciências da Religião. Graduando em História (Licenciatura). Professor na Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (SME) e articulista de assuntos relacionados à educação do Jornal Diário do Nordeste.
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