Melhores dicas para o planejamento educacional do 2º semestre
Muito pode ser feito em termos de possibilidades para o planejamento educacional do segundo semestre. Confira as dicas e orientações a seguir.
Há alguns anos, fui gestor escolar em três diferentes unidades escolares públicas. Naquela época, fui muitas vezes surpreendido pela dificuldade e – em algumas vezes – incapacidade de alguns professores de fazer um planejamento de início de ano letivo que contivesse algo de inovador ou mesmo atualizado.
Vi planejamentos em que o professor copiava o do ano anterior, trocava o ano (às vezes com uma rasura) e apresentava. Em outras situações, o planejamento sequer era apresentado, apesar da já conhecida “semana de planejamento” que normalmente antecede o início do ano letivo.
Inobstante isso, e levando em conta aqueles que sempre procuraram fazer um planejamento real e comprometido com o correto caminhar do fazer pedagógico e da aprendizagem dos alunos, algo que também pouco vi em minha trajetória de gestor escolar foi um replanejamento durante o ano letivo.
Entendo planejamento como um plano, algo que pode ser mudado, alterado, melhorado e ampliado sempre que necessário, como é de sua característica intrínseca.
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Questões para o planejamento educacional
Entenda-se a dificuldade inerente a um processo fluido e mutável como a aprendizagem em ambiente escolar, e facilmente se perceberá a necessidade de realinhamentos do curso da prática pedagógica nas salas de aula, em especial do primeiro semestre para o segundo, em que se caminha a passos largos para o final de um ano letivo.
Várias questões podem ser levantadas a partir dos resultados do primeiro semestre. Sem obviamente pretender esgotar o assunto, podemos sugerir algumas:
- os resultados das turmas apontam para uma real aprendizagem?
- os alunos que não estão com rendimento satisfatório precisam de atenção especial?
- o que deu certo, em termos de metodologias e métodos de ensino, e o que não deu certo? E por qual motivo?
- como tornar as aulas mais interessantes para os alunos, e melhorar sua participação e motivação para a aprendizagem?
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Mudanças possivelmente necessárias no planejamento educacional
Tais questões apontam para provável necessidade de algum tipo de mudança no processo de ensino-aprendizagem.
Partindo do pressuposto de que a imensa maioria dos professores, escolas e sistemas de ensino ainda se baseiam em um paradigma tradicional de ensino, com salas de aula que possuem mesas e cadeiras perfiladas, e cujas aulas são do tipo palestradas, o que podemos pensar como indicações para um planejamento eficiente e eficaz para o segundo semestre letivo?
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O ponto de partida: revisar os resultados
O primeiro ponto a ser tratado certamente deve ser o de verificar os resultados acadêmicos, inclusive – e principalmente – em nível individual, em especial tendo em vista os dois últimos anos (2020 e 2021), marcados pela pandemia do covid-19, ausência praticamente integral de aulas presenciais e soluções nem sempre satisfatórias do ponto de vista da aprendizagem.
Se este primeiro semestre foi utilizado em uma perspectiva de nivelamento de conhecimentos e recuperação da aprendizagem, cumpre verificar quais são ainda os lapsos e os desafios a serem vencidos, fazendo um planejamento de ações pontuais, de acordo com as necessidades particulares dos alunos, das turmas e da escola como um todo.
Rever as práticas
Talvez tal avaliação de rendimento escolar e das metas traçadas no início do ano possa balizar uma revisão das práticas metodológicas em sala de aula.
O que está sendo feito está efetivamente surtindo resultado? Como a resposta dificilmente será um sim total, o que está funcionando e deve ser mantido, e o que deve ser modificado para mudar o quadro indesejado que se apresenta?
Para os alunos que não estão conseguindo atingir os resultados desejados, o que será feito diferentemente para que possam se recuperar e aprender? O que terá que ser mudado?
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Avaliar as mudanças
Definido o que será mudado, deve-se ter especial atenção com as avaliações, tanto internas quanto externas.
As internasdevem ser mais constantes neste semestre, para indicar necessidade de novas mudanças a partir dos resultados mais imediatos, bem como do acompanhamento dos resultados mediatos para fins de aprendizagem sobre o que funciona ou não no contexto escolar, nas turmas e nos alunos.
Uma abordagem interessante seria um acompanhamento da coordenação pedagógica e da gestão para, em conjunto com os professores, determinar e efetivar as mudanças necessárias à medida que sejam necessárias, sem perdas de tempo.
Dicas de mudanças em uma abordagem da Neurociência Pedagógica
Confira 3 sugestões de mudanças para o seu planejamento educacional.
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Use Metodologias Ativas:
Contrariamente ao que muita gente pensa, tornar o aluno o centro da aprendizagem não necessariamente implica em uso da tecnologia.
Você pode utilizar metodologias como a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos ou mesmo o ensino híbrido sem a necessidade do uso de qualquer tecnologia.
Claro que, se a escola e seus alunos tiverem acesso à internet e a aplicativos, tanto melhor.
A ideia aqui é tornar o seu aluno o centro da aprendizagem, de forma que você fique como um mediador ou facilitador da aprendizagem.
Para tanto, algumas medidas serão necessárias, e a primeira delas é formação. Você precisará se apropriar de tais metodologias, seja através de cursos, seja por estudo próprio.
Depois, precisará implantar a mudança em termos culturais, tanto em você quanto em seus alunos, pois todos estão acostumados à educação tradicional. É um caminho inicialmente um pouco turbulento, mas que compensa muito no final.
E precisará também do apoio da Coordenação Pedagógica, dos demais professores e das famílias, que deverão entender a proposta para apoiá-la.
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Use Testagem Ativa
A testagem ativa é utilizada amplamente por cursos e pré-vestibulares, e expõe o aluno a um volume maior de testes e verificações da aprendizagem do que o habitual.
Isso capacita melhor o aluno a responder questões e a entender sua lógica, tornando-o mais profícuo e melhorando seu rendimento.
Planeje com sua Coordenação Pedagógica um calendário próprio de avaliações. Apenas tome cuidado para não “errar na mão”, saturando e fatigando seu aluno com excesso de avaliações.
Conforme for aplicando, vá verificando como seus alunos estão se sentindo e adapte este volume de avaliações às suas necessidades e possibilidades.
Experimente técnicas de memorização
A memorização espaçada, prevê a divisão do estudo pelo aluno em frações pequenas durante um período de tempo, ao invés de grandes períodos de estudo sem interrupção.
A técnica de interleaving (intercalar), prevê que a cada conteúdo novo, é feita rápida revisão – que pode ser feita por testagens – dos conteúdos anteriores, de forma que o aluno sempre é exposto, de forma alternada, aos conteúdos novos e antigos, facilitando a memorização e a recuperação dessa memória.
Fechando o pensamento, mas com ele aberto
Muito pode ser feito em termos de possibilidades para o segundo semestre. O que não se pode fazer é continuar da mesma forma quando os resultados não estão satisfatórios.
Converse com sua Coordenação Pedagógica, com seus colegas e mesmo com seus alunos. Verifique o que eles gostam e o que não gostam. Os alunos rendem mais quando têm sua voz ouvida e quando estão satisfeitos com o que é proposto para eles.
Se possível, dê a seus alunos a possibilidade de participar de seu planejamento. Provavelmente você vai ter boas ideias, como o uso de jogos e até mesmo de aplicativos que seus alunos já usam.
Dentro das possibilidades, torne seu aluno produtor de conhecimento, assim como ele já é produtor de vídeos no Tik Tok, como já é produtor de conteúdo em rede social, entre outras possibilidades.
É um caminho incerto e com muitas possibilidades, mas que certamente vai tornar o seu aluno muito mais interessado e participativo na sala de aula. E, claro, com resultados mais positivos em termos de rendimento escolar.
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André Codea
Professor da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Escritor e palestrante em Neurociência Pedagógica, Mestre em Ciência da Motricidade Humana, Pós-graduado em Gestão Escolar e Anatomia. Autor do livro “Neurodidática –Fundamentos e Princípios”, publicado pela Wak Editora.
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