Storytelling: alunos, histórias e jogos (Parte 01)
Esta série de textos vai auxiliar, de forma simples, na produção de histórias que sejam adequadas ao mundo dos jogos
Vamos ensinar nossos alunos a criarem e adaptarem histórias para o mundo dos jogos? Que tal ensiná-los a compreender as regras básicas para se criar uma boa narrativa?
Esta série de textos vai auxiliar, de forma simples, na produção de histórias que sejam adequadas à criação de jogos, inserindo o aluno na sua própria aventura e auxiliando, também, a expandir sua imaginação e oferecendo um canal para sua expressão textual. Sabemos que um bom jogo se faz também com uma boa história que proporcione ao jogador mergulhar fundo no seu mundo e ter motivação para participar, no jogo, de suas escolhas e decisões.
Propomos que você, professor, também se envolva nesse mundo para que esse ambiente, cada vez mais, se torne familiar. E, para que isso aconteça, recomendamos que você jogue, se possível, desde jogos de tabuleiro até jogos digitais, para que participe e absorva toda essa linguagem e cultura. Dessa forma, você entrará dentro deste mundo, participará de suas decisões e escolhas, tornando-se o seu personagem principal, e assim, dialoga com seus alunos com mais propriedade. Durante os textos, também traremos algumas propostas de atividades para serem utilizadas em sala de aula.
A proposta de incluir jogos como práticas pedagógicas surgiu da necessidade de tornar o ambiente escolar mais envolvente, mais atraente. Há três anos atrás, iniciei meus estudos na área de Game Design para trazer esses conceitos à sala de aula. Acredito ser um compromisso de nós, educadores, trazermos a cultura e o contexto social atual para os espaços escolares. Sou responsável pelo planejamento e ministro cursos de Game Design na rede privada de educação, incluindo a disciplina Storytelling, e minhas formações nas áreas de Pedagogia, Literatura e Comunicação, auxiliaram-me bastante na produção desse material.
Para começarmos nossa jornada, vamos falar um pouquinho sobre a importância de uma boa história. Saber contar e escrever uma boa história é muito importante para atrair a atenção dos leitores. Enquanto lemos uma boa história, estamos nos transportando do lugar de leitor para um outro mundo, em outra época. Pode ser hoje, pode ser sobre algo de 100 anos atrás ou daqui a 50 anos, aqui, em outra cidade ou em outro planeta. Ela nos apresenta a ambientação e a época e, melhor que isso, nos insere nesse mundo.
Nos jogos, o jogador interage e vivencia a aventura dentro do mundo do jogo, de seus cenários, de sua ambientação, e para que comece e termine a aventura, é importante que esteja sempre interessado na história, do início ao fim. Qual o principal objetivo quando se relaciona a história ao mundo do jogo? Torná-lo interativo, fazer com que o jogador faça suas escolhas e fazer com que enxergue o mundo do jogo pelos olhos do personagem. E a história é o motor de um jogo, é onde ela vai acontecer, definindo o mundo do jogo e a experiência que o jogador e/ou o personagem terá durante sua jornada. A história e a maneira de contá-la orienta o detalhamento minucioso do jogo, com todos os elementos que devem fortalecer a imersão nesse mundo.
Nesta série de quatro textos, que vão desde as abordagens sobre o que é e como se produzir uma história, até sua adequação ao mundo dos jogos, cuidaremos apenas da história, mas sabemos que outros elementos auxiliam na qualidade visual do jogo, como: aspectos estéticos, interface e jogabilidade, por exemplo. Quando lemos um livro, apenas acompanhamos a história. Nos envolvemos emocionalmente mas não temos a possibilidade de mudar os destinos do personagem. Somos passivos no desencadeamento dos acontecimentos. No livro, basta uma boa história bem contada para que desperte o nosso interesse. No jogo, além de uma boa história, a interatividade é outro aspecto fundamental para que a aventura se torne interessante, e essas duas características criam o necessário relacionamento entre o jogador, o personagem e a ambientação do jogo. Interatividade com uma boa história cria experiências memoráveis para que o jogador lembre posteriormente de sua jornada.
No próximo texto falaremos da estrutura da história e sobre a jornada do protagonista. Até lá!
Sérgio Campelo
Professor, Pedagogo, formado em Letras com Especialização em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Com 20 anos de experiência no planejamento e docência de cursos de capacitação para o mercado profissional, atualmente é professor na rede privada de ensino. Cursou 'Game Design: Art and Concepts' no California Institute of the Arts (CalArts) e gerencia a Gamecubo, espaço de oficinas e cursos, reflexão e debates sobre práticas inovadoras na área de ensino-aprendizagem.
Ver artigos
Veja mais
Gestão na Educação
Neurociência aplicada à Educação Integral: o que todo educador precisa saber
No seu sentido mais amplo, Educação significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração...
Educação Inclusiva
Educação Inclusiva: 4 atividades para promovermos uma sociedade mais inclusiva e igualitária
A educação inclusiva é um princípio fundamental que visa garantir que todas as pessoas, independentemente das suas diferenças e capacidades, tenham acesso à...
Gestão na Educação
Dia da Recreação: Mas afinal, cadê o brincar?
Inspirado em autores que narram à docência e a prática educativa a partir de sua história de vida, nos quais mergulham em uma escrita de si, este texto busca...
Gestão na Educação
Desafios e caminhos para promover uma alfabetização de qualidade nas escolas
No dia 08 de setembro, é comemorado o Dia Mundial da Alfabetização. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações...