Desperdício de alimentos: O que podemos fazer?
Sabem aquela velha história da mãe que orienta o filho a comer tudo porque do outro lado do mundo, na África ou na Ásia, em algum país muito pobre há alguém passando fome e, por conta disso, não devemos desperdiçar alimentos?
Esta história caiu em desuso há algum tempo, no entanto, o desperdício de alimentos no mundo é calculado hoje, pela FAO (Programa das Nações Unidas para alimentação e agricultura) como sendo de aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano! Isso equivale a 1/3 da produção mundial anual!
Há duas grandes questões que precisam ser levadas em consideração quanto a isso se tivermos a real intenção de mudar este quadro, a saber:
- Uma das principais fontes de desperdício refere-se as perdas durante a produção agrícola, manuseio, transporte e, mesmo, processo de vendas. Calcula-se que 35% dos alimentos é perdido desta forma. Isso acontece principalmente entre os países menos desenvolvidos e os emergentes, entre os quais se inclui o Brasil. Alimentos que podem ser aproveitados para o consumo humano são perdidos ainda na colheita, separados depois do transporte por não terem aparência boa (ainda que frescos e passíveis de consumo) ou mesmo durante o processo de escolha dos consumidores, em supermercados ou feiras livres, são descartados pelo mesmo motivo, não sendo reaproveitados para, por exemplo, alimentarem alunos em escolas públicas ou encaminhados a projetos sociais.
- A outra grande fonte de desperdício acontece mais entre os países ricos, como os Estados Unidos e as nações europeias. Trata-se da comida que é jogada no lixo pelas famílias por falta de planejamento quanto ao consumo. Calcula-se que, em média, cerca de 20% do que é comprado por famílias em países como os EUA, Japão, Alemanha, França e Inglaterra é jogado no lixo por semana. Este fenômeno também acontece entre os emergentes, entre os quais o Brasil.
O que fazer?
Os caminhos indicados pelos especialistas, principalmente olhando para um futuro muito próximo, que estima a população mundial na casa dos 9 bilhões de pessoas até a metade do século XXI, é planejar e reeducar a população.
Planejar desde o âmbito doméstico, passando por restaurantes e atingindo fornecedores para que, em qualquer nível as pessoas comprem apenas o que de fato irão consumir e, desta forma, minimizem o quanto for possível as perdas. No caso da cadeia produtiva a intenção deve ser a de melhorar os procedimentos, a se iniciarem tais ações ainda no plantio e na colheita, passando pela adequação dos processos de manuseio, embalagem e transporte dentro dos mais avançados padrões mundiais e terminando com a chegada dos produtos em centros de venda e distribuição nas melhores condições possíveis para os consumidores.
Qualquer produto em boa condição, ainda que externamente não tão belo aos olhos humanos precisaria ser encaminhado ao final das feiras ou das vendas em supermercados para o poder público ou instituições privadas de ação social com preços módicos, próximos dos valores de produção, evitando-se desperdícios e, ao mesmo tempo, revertendo aos produtores e intermediários algum ganho, mesmo que pequeno, quanto a estes produtos.
Alguns estudiosos advogam até mesmo que prazos de validade de produtos sejam revistos pois há algum exagero na legislação o que permitirá ampliar em alguns dias a possibilidade de consumo destes alimentos frescos ou processados industrialmente.
De qualquer modo, o mais imprescindível neste momento é informar-se quanto ao assunto e, de posse dos dados, trabalhar para que ações sejam tomadas antes que faltem alimentos para maior quantidade de pessoas ou que os preços subam de tal maneira que tenhamos consequências sérias para as nações na luta das pessoas pela sobrevivência.
Equacionar a situação, buscar as melhores respostas, reeducar a população e orientar para práticas de economia e melhor uso dos recursos naturais, neste caso, dos alimentos, é de suma importância para todos. O planeta agradece!
João Luís de Almeida Machado
Consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.
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